sexta-feira, 18 de setembro de 2020

 Oiê!

Ainda estamos em meio a pandemia, vamos tecendo redes, leituras, descobertas...

Hoje foi no site do Professor Luiz Alberto, sobre o livro o homem ao Quadrado, de Leon Eliachar:




LEON ELIACHAR –Era eu ainda adolescente com meu pouco mais de quinze anos de idade, quando tive acesso ao O homem ao cubo, O homem ao zero, O homem ao meio e, finalmente, O homem ao quadrado, todos do judeu egípcio de nascimento e, como ele mesmo dizia, tão brasileiro como qualquer brasileiro, Leon Eliachar (1922-1987). Confesso: lasquei-me de tanto rir. Esse jornalista de humor da imprensa escrita e falada do Brasil trabalhou em diversos jornais e revistas do país, quando vi pela primeira uma de suas crônicas jocosas no Última Hora. Depois disso, queria ler tudo dele e sapequei as vistas segurando o bucho das risadas, até o dia que completei vinte e sete anos – verdade, era meu aniversário -, e soube na manchete de um jornal paulista do seu assassinato no Rio de Janeiro, cometido por um fazendeiro paranaense vingando enciumado o relacionamento dele vítima com a esposa do homicida. Isso não teve graça nenhuma, a ponto de se perder no tempo e no meio das pilhas de livros amontoados nas minhas estantes e pelos cantos do quarto que ouso chamar de biblioteca dos monturos. Como o produto livro está caro pra dedéu, resolvi viver de releituras (ainda bem que me restou esse luxo). E nos últimos dias, tentando arrumar a zorra toda, dei de cara com o sempre risível e atualizadíssimo O homem ao quadrado.

PRE...FAÇO

A gente nasce, cresce um pouquinho, vai brincar de esconder com os meninos da rua, quebra vidraça do vizinho, mamãe chega e põe a gente de castigo, não dá sobremesa durante uma semana, papai suspende a matinal do cinema e se a gente facilita ainda vai pra um colégio interno. Depois a gente cresce mais um pouquinho, já está na escola aprendendo uma porção de coisas que a gente não sabia como era nem por que era, mas acaba sabendo só como, já que o por que a gente nunca aprende. Isso não se faz, aquilo é muito feio, veja o exemplo de fulano, que é um homem direito e respeitável. Aí a gente resolve também ser um homem direito e respeitável. E acaba sendo humorista. Foi assim que abri a porta de casa e saí. Nunca mais voltei. Lá fora, me diziam uma coisa, eu via outra. Nada importava: já não precisava das notas mensais para passar de ano. Agora os anos passariam por mim. Eu só olhava. Este livro é o meu mundo e o seu mundo – mas como eu o vejo. Você é até capaz de rir: ou de mim, ou do mundo.

A MULHER EXEMPLAR

Antes de tudo, linda. Esbelta. Elegante. Um olhar inteligente. Lábios frescos, bem vermelhos. Pele rosada. Cabelos castanhos claros. Joias caríssimas. Não fumava. Não bebia. Não jogava. Centenas de pessoas paravam para admirá-la. Era discutida. Na maioria das vezes elogiada. Enaltecida. Permanecia impassível. Indiferente. Seus olhos azuis pareciam brilhar de orgulho. Incapaz de dar um sorriso para quem quer que a fitasse. Era um quadro.

Fonte: https://blogdotataritaritata.blogspot.com/2013/05/o-homem-ao-quadrado-de-leon-eliachar.html

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